Em Portugal o Carnaval é vivido com muita alegria e animação. Ele é celebrado em muitas vilas e cidades de norte a sul do país, tendo todos a sua própria identidade cultural e tradição.
Pode contar com muita cor, alegria e folia, muitas pessoas mascaradas na rua, as marchas de Carnaval e os seus bonecos gigantes, os cabeçudos, as Matrafonas, as Maria Cachuchas, os carros alegóricos e os famosos Caretos de Podence, que foram considerados Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.
A energia que paira no ar no Carnaval é contagiante. É uma oportunidade de fugirmos á rotina e libertarmos de preocupações da vida do dia-a-dia. É brincar, como se voltássemos a ser crianças. Afinal, como se diz por aí…”no Carnaval nada parece mal”.
Por isso, coloque uma máscara divertida e venha descobrir algumas surpresas que Portugal tem para si.
Além dos famosos Carnavais de Torres Vedras, Ovar, Sesimbra, Loulé, Madeira, Estarreja, Alcobaça e Sines, queremos falar-lhe de outros Carnavais com tradições ancestrais e populares que são muito interessantes e que de ano para ano cada vez conquistam mais curiosos, transformando-se em grandes atrações turísticas.
🎭 Entrudo Chocalheiro –distrito de Bragança
Na denominada Terra Fria Transmontana acontecem as “Festas de Inverno”, uma época festiva que começa no início do Inverno e vai até ao Carnaval com muitos momentos de diversão e que animam as ruas das cidades e aldeias. É um tempo de celebração que simboliza o rejuvenescimento e o recomeço de um novo ciclo, tanto na natureza como na vida social.
A Festa dos Rapazes ou também denominada Festa de Santo Estevão, é uma das mais importantes e tem origem em antiquíssimos rituais de passagem da adolescência para a vida adulta. Logo de manhã, os rapazes desfilam pelas ruas com os típicos fatos coloridos e os caretos, provocando, chocalhando e interagindo com as populações, em grande folia.

O famoso Entrudo Chocalheiro é o auge das manifestações de irreverência que nesta época, além de serem permitidas, constituem mesmo uma atração que já é notícia no mundo. Os Caretos do Entrudo Chocalheiro da aldeia do concelho transmontano de Macedo de Cavaleiros (Caretos de Podence) foram classificados pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade e, passaram assim a estar integrados numa lista mundial onde Portugal já tem o Fado, o Cante Alentejano, a Dieta Mediterrânica, a Falcoaria e os chamados “Bonecos de Estremoz”.
Estes Caretos de Podence têm origem na aldeia de Podence, pertencente ao concelho de Macedo de Cavaleiros. Inseridos nestas festividades de Inverno, eles representam imagens diabólicas e misteriosas que saem às ruas, secretamente e imprevisivelmente dos recantos de Podence onde surgem silvando os “Caretos” e os seus frenéticos chocalhos cruzados nas franjas coloridas das suas mantas.
Os “facanitos”, que são os rapazes mais novos, seguem-nos e imitam-nos assegurando desse modo a tradição.

Os Caretos vestem as suas próprias fantasias, ou seja, vestem uns fatos feitos de colchas vermelhas decoradas com muitas franjas coloridas e umas máscaras vermelhas angulares de folha de zinco que podem ser decoradas com tinta. Na cabeça usam um capuz de onde sai uma grande cauda que é usada como provocação do ato sexual aqui simbolizado. Na sua cintura é onde levam a coleção de chocalhos e campainhas que fazem um enorme barulho quando todos se juntam em direção às mulheres.

No domingo e terça feira de Carnaval, estes rapazes da aldeia encarnam estas misteriosas personagens aos saltos e aos gritos agitando as ruas á procura de raparigas para dançar e as “chocalhar”, sempre escondidos atrás destas vestes e máscaras protegendo assim o seu anonimato. Este evento virou uma atração turística e já vem turistas de todo o lado para poder “brincar” neste original Entrudo. A sua fama tem sido tão grande que são frequentemente convidados a participarem em vários acontecimentos culturais e recreativos ao longo do país.
🎭 O Entrudo de Lazarim –distrito de Viseu
O Carnaval é vivido de alguma forma como um período que simboliza a transição do Inverno para a Primavera, do velho para o novo, do frio para o calor, da parte masculina para a parte feminina do Inverno e reúne dessa forma diversos rituais que simbolizam este ciclo da vida das comunidades rurais. Através dos rituais de transgressão e desordem do Carnaval, é como que uma libertação representando dessa forma uma renovação nesse ciclo da vida.

A Vila de Lazarim, no concelho de Lamego ocorre um dos festejos carnavalescos mais típicos de Portugal, mostrando nas suas ruas encenações ancestrais da cultura portuguesa
As comadres e os compadres envergam umas máscaras de madeira que foram esculpidas artesanalmente pelos artesãos e gentes locais, assim como os trajes dos Caretos de Lazarim que ocultam a sua verdadeira identidade, realizando jogos ancestrais de rivalidade dos sexos.
Também são produzidos uns testamentos carnavalescos em segredo e que são lidos no último dia, seguindo-se um ritual representativo da morte da comadre e do compadre no fogo, e aí sim, é oferecida uma feijoada e caldo de galinha a todos os presentes, “acabando tudo em bem” e recuperando o equilíbrio entre os sexos.
As máscaras de Lazarim são expressivas da divisão momentânea da comunidade. Por um lado, temos os Caretos e por outro lado as Senhorinhas, que são uma versão feminina. No entanto os dois papéis são desempenhados por homens, sendo distinguidos pela vestes e pela caricatura de certas situações ridículas que facilmente poderão ser identificadas por todos.
🎭 Entrudo nas Aldeias do Xisto de Góis-distrito de Coimbra
A liga de amigos da Serra da Lousã denominada a Lousitânea, organiza a Corrida do Entrudo que há mais de uma década recria o entrudo serrano onde a máscara de cortiça é o símbolo forte desta tradição.

Além desta famosa máscara de cortiça, os foliões também vão ao baú procurar roupa velha. As mulheres vestem-se de homens e os homens vestem-se de mulheres para ninguém saber quem anda a fazer as “traquinices”. Estas tradições antigas têm sido recuperadas e de ano para ano vão ganhando mais força, constituindo uma forma de devolver ás aldeias mais despovoadas alguma alegria e animação. Por estes lados dá-se o nome de corrida do Entrudo porque os foliões percorrem as aldeias vizinhas, como se fizessem uma invasão, e espalham pelos vizinhos as quadras jocosas que representam os denominados “mexericos” das aldeias, coisas que todos sabem mas que não querem falar, para “atormentar as velhas e seduzir as novas”.
Começam pela aldeia de Aigra Nova e declamam essas quadras( que foram recolhidas ao longo do ano das histórias da terra). Elas são ditadas ou mesmo cantadas, muitas vezes acompanhadas do som de concertinas e outros instrumentos. O importante é fazer barulho e brincar com provocação. Esta corrida passa também pela aldeia da Pena, perto do Penedo de Góis, que tem pouco mais de uma dezena de habitantes. Também o Esporão, a Cerdeira e Ponte de Sótão fazem parte desta corrida terminando novamente em Aigra Nova. Esta festa serrana é acompanhada também de um almoço com a gastronomia típica da zona e de um baile, onde ocorre a queima do entrudo (um boneco) e um baile de máscaras onde se ouve fado e músicas típicas desta região serrana.
Mas não julgue que só poderá ver estes foliões no período do Carnaval.
Durante o mês de Maio ocorre o Festival Internacional da Máscara Ibérica (FIMI) que conta com mais de 500 participantes. Este evento promove e divulga vários aspetos da cultura popular, sendo as máscaras o tema central. Este festival reúne grupos oriundos maioritariamente da Peninsula Ibérica. Neste ano de 2020 o festival celebrará também a proclamação dos Caretos de Podence como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. O momento mais aguardado neste festival é justamente o grande desfile da Máscara Ibérica, que enche as ruas da cidade de Lisboa com as cores e sons que evocam as histórias e lendas do mundo rural.
Existem muitas tradições carnavalescas neste país surpreendente. Não temos a pretensão de lhe falar de todas. Desafiamo-lo sim a planear a sua rota para seguir estes foliões mascarados que ajudam a manter vivas estas tradições com muitos anos e que preservam um Portugal, que apesar do seu desenvolvimento, consegue manter “vivas” as suas tradições e cultura, preservando a sua genuinidade e autenticidade.
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Lembre-se que “a vida são dois dias e o Carnaval são três ” 😉
Divirta-se ! 🎭